Dentes que crescem novamente? O futuro da odontologia já começou

Andre Junqueira
11 de ago.
3 min de leitura

Imagine perder um dente e, em vez de precisar de um implante, ver nascer no mesmo lugar um novo dente natural, perfeito e funcional. Essa ideia, que durante décadas pareceu coisa de ficção científica, já começa a se tornar realidade. No Japão, os primeiros testes em humanos para estimular o crescimento de novos dentes começaram recentemente e prometem mudar para sempre a forma como cuidamos do sorriso.

A pesquisa é liderada por cientistas da Universidade de Kyoto em parceria com a Toregem Biopharma. Eles desenvolveram um medicamento experimental capaz de reativar um “terceiro dente” que todos nós, teoricamente, carregamos de forma adormecida. Esse potencial extra, até então inexplorado, pode ser a chave para restaurar dentes perdidos de forma natural.

Como a ciência chegou até aqui

Durante o desenvolvimento humano, formamos “brotos dentários” — pequenas estruturas embrionárias que dão origem aos dentes. Normalmente, esse processo é limitado a duas gerações: dentes de leite e dentes permanentes. Mas existe um “freio biológico” que impede que um terceiro conjunto se desenvolva: a proteína USAG-1.

O grande avanço japonês foi justamente descobrir como bloquear a ação dessa proteína. Com a administração de um anticorpo específico, é possível permitir que o broto dentário volte a se desenvolver, dando origem a um novo dente. Em animais, como camundongos e furões, o resultado foi impressionante: dentes totalmente formados, funcionais e integrados à arcada.

Em 2021, esses resultados foram publicados, despertando enorme interesse da comunidade científica. Em setembro de 2024, começou a fase de testes em seres humanos — inicialmente com pacientes que têm ausência congênita de alguns dentes (agenesia). Se tudo correr bem, a previsão mais otimista aponta para os primeiros tratamentos disponíveis por volta de 2030.

Um avanço que está rodando o mundo

O Japão é hoje o único país testando a técnica em humanos, mas não está sozinho na corrida pela regeneração dentária. No Reino Unido, pesquisadores do King’s College London trabalham no cultivo de dentes completos em laboratório a partir de células do próprio paciente. Nos Estados Unidos, grupos desenvolvem organoides capazes de produzir esmalte natural, o que pode revolucionar restaurações e tratamentos de cárie. Já na China, equipes investem pesado no uso de células-tronco dentárias para regenerar polpa e gengiva.

Embora cada abordagem siga caminhos diferentes, todas apontam para o mesmo destino: devolver dentes naturais ao paciente, com estética e função idênticas aos originais.

E o que já está disponível hoje?

Ainda não é possível fazer nascer um dente perdido no consultório, mas a odontologia já conta com tecnologias regenerativas promissoras. Uma delas é o P11-4 (Curodont), um peptídeo capaz de remineralizar lesões iniciais de esmalte sem necessidade de restauração tradicional. Outra frente são as terapias celulares para regeneração de polpa e gengiva, já em fase experimental no Brasil. E, claro, os implantes dentários continuam evoluindo, cada vez mais estéticos, resistentes e integrados ao osso.

Quando isso vai chegar até nós?

O caminho entre a pesquisa e o uso clínico é longo. No cenário mais otimista, os primeiros pacientes com ausência congênita de dentes poderão se beneficiar dessa técnica antes de 2030. Para casos mais comuns — como perdas por cárie, trauma ou doença periodontal —, a aplicação prática provavelmente virá alguns anos depois.

Até lá, cuidar dos dentes naturais continua sendo a melhor estratégia. Consultas regulares, higiene bucal correta e tratamento precoce de cáries e gengivites ainda são o “padrão ouro” para manter o sorriso saudável.

O futuro sorri para a odontologia

A possibilidade de regenerar dentes naturais não é apenas um avanço técnico; é uma mudança de paradigma. Significa que, em um futuro não tão distante, perder um dente não será mais uma sentença definitiva, e sim um problema com solução biológica.

Aqui na Clínica Dr. André Junqueira Odontologia, acompanhamos de perto essas novidades para garantir que, quando essa tecnologia chegar ao Brasil, nossos pacientes estejam entre os primeiros a se beneficiar. Até lá, seguimos trabalhando para preservar cada sorriso da melhor maneira possível.